A História do Paraná

Durante muito tempo, a História do Paraná esteve assentada na ideia de que o Estado foi construído por uma população branca, de origem europeia, sem que nenhuma relevância fosse dada às pessoas de origem africana que desde muito antes da imigração europeia já habitavam e trabalhavam na região.

Numa operação semelhante, nenhuma importância foi dada às comunidades quilombolas do Estado, que eram associadas à presença negra e consideradas antagônicas da modernidade, cuja realização era atribuída à inserção da população de origem europeia. Os quilombos paranaenses ou eram desconhecidos, ou eram vistos como representativos de um “atraso”, que mais se pretendia eliminar do que conhecer ou valorizar.

Descortinando um outro passado

Desde o início dos anos 2000, uma série de iniciativas dos movimentos negros paranaenses e de políticas públicas começaram a identificar os locais e descobrir as histórias das comunidades quilombolas do Paraná. Nesse contexto foi criado o Grupo de Trabalho Clóvis Moura (GTCM), que durou de 2005 até 2010 e teve como objetivo realizar um levantamento das comunidades quilombolas paranaenses e identificar elementos referentes à educação, situação socioeconômica e possibilidade de autorreconhecimento, conjugando ações de pesquisadores, governos e movimentos sociais. Coube também ao GTCM a articulação para a efetivação das políticas públicas destinadas às comunidades, via reconhecimento da Fundação Cultural Palmares, órgão nacional responsável pela emissão da certidão de autorreconhecimento. Esse é o processo pelo qual a comunidade se identifica como grupo étnico com tradições, histórias e culturas compartilhadas e relacionadas a determinada base territorial, mesmo que não fixa. O autorreconhecimento ou autoidentificação são importantes, pois possibilitam à comunidade requerer a titulação das terras que ocupam. O GTCM identificou 36 comunidades quilombolas no Paraná, número que surpreendeu seus próprios membros. O conhecimento dessas comunidades (e o número delas) foi ampliado desde então por diversos pesquisadores e pelos movimentos internos de fortalecimento das comunidades e suas associações. Atualmente (agosto de 2020) estão identificadas 38 comunidades no Paraná, sendo 36 certificadas pela Fundação Palmares e apenas uma titulada. Elas se formaram por diversos percursos históricos e se caracterizam também pela diversidade de experiências. Acreditamos que o acesso a narrativas que contém a história dessas comunidades constitua elemento importante para a construção identitária de seus membros e, principalmente, para a preservação de seus direitos.

Para tratar da história

Este site foi construído para que professores, pesquisadores, estudantes, membros das comunidades quilombolas e público em geral possam conhecer mais dessa história que é a de todos os paranaenses e de todos que vivem e trabalham nesse Estado. Ele é resultado da pesquisa desenvolvida no Mestrado Profissional em Ensino de História – PROFHISTÓRIA, da Universidade Federal do Paraná, pela historiadora e professora da rede pública estadual Hellen Cris Leite de Lima, com orientação da Profª Drª Joseli Maria Nunes Mendonça. Os conteúdos divulgados aqui, são produtos de pesquisa e elaboração científicas, todos devidamente referenciados. Quem tiver interesse de buscar as fontes e a bibliografia na qual nos baseamos, bem como os processos e procedimentos da pesquisa realizada, pode acessar a dissertação completa aqui. Agora, nosso convite é para que você navegue pelo mapa e conheça um Paraná mais diverso.